quinta-feira, 7 de outubro de 2010

Programa Tudo é Possível

Nada ao mesmo tempo agora: “As horas passam sem propósito. Flanando nas ruas, conversando nos bares, tudo é desprendimento. Oportunidades infinitas podem surgir à sua frente, mas não há escolha… Aos 30 anos, o mundo roda à sua volta, mas ele não se compromete. Aspirante a escritor, tem romance atolado na página 50 e uma vida paralizada na adolescência. Nenhum trabalho prático, nenhum ideal, nenhum objetivo concreto.” (…)
É bem capaz que muitos de vocês conheçam pessoas como este rapaz que Bolívar Torres descreve na matéria que linkamos acima. Este rapaz é Zeca, personagem de Caio Blat no filme Histórias de amor duram apenas 90 minutos. Ele é mais um dos filhos da pós-modernidade que muitas vezes parecem condenados a serem eternamente filhos, como acredita a atriz Maria Ribeiro, que seja o destino de Zeca. No filme, Maria interpreta Julia, a mulher de Zeca, que é o seu oposto, uma professora de Belas Artes realizada, que quer fazer mesrado em Paris.
Psicólogos e antropólogos têm opiniões variadas para explicar o fenômeno dessa geração que não amadurece e uma delas esbarra na noção de que crescemos com acreditando que podemos tudo. A geração de que falamos é aquela que ouviu incontáveis vezes dos pais e adultos próximos que poderiam ser qualquer coisa que quisessem. Tamanha amplitude de opções é mais difícil de suportar do que parece e cria perfis como o de Zeca.
Há frases, ou pensamentos tão felizes pela singularidade e poder com que traduzem a realidade, que uma vez lidos, continuam por muito tempo, e às vezes como uma referência para a vida inteira, martelando a nossa cabeça, lá dentro, silenciosamente.
Do livro de Palmério Dória, HONORÁVEIS BANDIDOS - Um retrato do Brasil na era Sarney, em parceria com Mylton Severiano, encontro essas duas pérolas, logo no início da leitura. Travei. Fechei o livro. Adiei a leitura. Aquilo caiu como um tijolo no dedo grande do pé. Ficou latejando, latejando, latejando...
Quando acabar de digerir essas verdades, porque as verdades, quando percebidas demoram a aquietar-se dentro da gente, eu vou contar algumas coisas da leitura desse livro denúncia. Mas eu sou paciente como Jó. Aprendi a esperar por dias melhores e apliquei a lição a todos os fatos da vida.
Bem, dou aqui, para que vocês também possam refletir e sentir essa tijolada...
“Não existe organização criminosa mais bem-sucedida do que a que conta com apoio estatal.” Misha Glenny, em McMáfia – Crime sem fronteiras.
“Agradecemos a Karl Marx por criar a expressão que escolhemos para o título, “honoráveis bandidos”. Essas figuras que, de tempos em tempos, afrouxam as fibras do chamado tecido social. É de se lhes tirar o chapéu. Conseguem sentar nas cadeiras mais insuspeitas, dignas das pessoas honradas. Emprestam seus nomes a ruas, escolas, edifícios públicos, rodovias, até cidades. São aqueles que, de tanto triunfar na ignomínia, Rui Barbosa inculpa de levar gente honesta a ter vergonha de ser honesta.”

Tudo é Possível

O programa, comandado por Ana Hickmann, tem mostrado que não é preciso baixar o nível para atrair a audiência. Para provar isso, o Tudo é Possível tem obtido ótimos índices, que mostram que o programa cresceu e cada vez mais conquista o público, incomodando a concorrência e ocupando a vice-liderança isolada.
No palco, Ana junto com suas assitentes, Danielle Souza, Paulo Diogenes como Raimundinha e Francisco Jozenilton Veloso,o Shaolin como Xoelma juntos trazem muita diversão para as tardes de domingo.
O quadro Jogo da Afinidade é uma ótima opção de diversão, trazendo casais para disputar prêmios, que só ganharão se mostrarem que se conhecem muito bem. Caso contrário, terão que enfrentar as "Outras" e os "Ricardões".
A cada nova semana, a produção do Tudo é Possível traz convidados de peso, musicais, reportagens e muitas outras atrações para levar alegria e diversão para o domingo dos brasileiros.[1]
Gugu Liberato está usando na Record os nomes “De Volta pra Minha Terra” e “Construindo um Sonho” para dois quadros do seu “Programa do Gugu”, que deve estrear no dia 16 de agosto.
O SBT, no entanto, afirma que tem os títulos registrados e que os quadros continuarão no “Domingo Legal”, apresentado, agora, por Celso Portiolli. Segundo o contrato que Gugu tinha com o SBT, todos os quadros do “Domingo Legal” são de propriedade do canal do Silvio Santos, que deverá tomar medidas legais.
O quadro “Construindo um Sonho” é o maior sucesso em audiência do SBT, onde famílias são ajudadas recebendo uma nova casa, móveis e
Perdemos alguma coisa? Saltamos alguma etapa? Às vezes fica sensação que sim. Dos sonhos infantis mais ingênuos (de ser astronauta, veterinário, presidente…) passamos a essa crença eterna no talento não descoberto. Além disso, essa geração se depara com uma realidade que parece lhe dizer que tudo já foi criado ou que estamos mesmo mergulhados num caos sem solução e voilá! temos os Zecas da vida. Jovens que acreditam ser o caos tão grande que para realmente fazer a diferença (!) seria necessário algo grandioso. E como esse algo grandioso parece demasiado inalcançável, frequentemente a melhor opção é permanecer na escolha, escondidos nesta desculpa de ainda não ter começado nada, e assim muitos passam dos 30 sem ter iniciado nenhum projeto, sem dar a cara a tapa. Um ascetismo bastante paradoxal aos egos “super-homem” da maioria desses jovens.
Eles – nós? – poderíamos mesmo fazer qualquer coisa, mas o mar aberto de possibilidades afoga e embota a ação. Por causa das infindáveis opções, acaba que tudo se torna impossível, é aquele velho papo, quem tem tudo (a rigor) não tem nada. Talvez o homem contemporâneo esteja mesmo vivendo na “geração do inacabado”, digamos assim, no futuro alguém escreverá a respeito. Ou talvez falte apenas o passo inicial que possa trazer os sonhos idealizados para mais perto.
Há quem diga que o que falta é “vergonha na cara”, há quem diga que falta inspiração, certa dose de fé, talvez ideologia… Afinal, o que é que falta?